No exterior procurámos desenvolver uma linguagem que fosse marcadamente contemporânea, com formas puras e simples, explorando a relação entre dois volumes rectangulares com volumetrias distintas. Esses volumes ocultam, contudo, um interior que explora uma espacialidade que tira proveito dos telhados de duas águas, tão característicos das casas de campo tradicionais. Apesar da modernidade aparente da volumetria, dotámos o exterior de materialidades que também exploram características vernaculares, nomeadamente o uso de madeira nas portadas, assim como o uso de forra cerâmica na cor branca, que transmite uma ruralidade tectónica. Há, assim, uma relação de harmonia entre premissas que são heranças da arquitectura popular tradicional e princípios que reflectem o paradigma contemporâneo do habitar.
A fachada frontal é a mais reservada, uma vez que a vivência da casa está orientada para o interior do logradouro, onde se situam os principais espaços exteriores de convívio. A própria entrada principal é protegida por uma parede que potencia a privacidade. Do mesmo modo, na área de estacionamento, localizada no lado direito da casa, foi colocado outro muro para dotar a área da piscina a tardoz, no logradouro, de maior privacidade. A tardoz estão localizados os principais espaços exteriores. Uma área de refeições ao ar livre complementada por uma churrasqueira estende a cozinha para o exterior, espaços esses sombreados por uma planta Jasmin que oferece aroma e sombra nos dias quentes de Verão. Janelas maiores na área da cozinha e da sala, reforçam a relação com a área exterior e a piscina.
No interior, continuou-se a exploração do diálogo entre o vernacular e o contemporâneo. Através do repositório do nosso imaginário, exploraram-se características das casas rurais que nos acompanham, particularmente casas com pé direitos variáveis e com a presença das pendentes dos telhados no interior. Assim, nas duas zonas sociais da casa – a sala e a cozinha – procurou-se explorar a plasticidade volumétrica do telhado de duas águas, com diferentes alturas, criando hierarquias espaciais e uma dinâmica estimulante para quem vivencia a casa.
Quem está de fora, não consegue idealizar a riqueza espacial do interior, nem quem está no interior entende como o exterior apresenta uma linguagem tão elegante e minimalista. Esta ambivalência traduz-se numa casa moderna para uma vivência de campo!