Esta casa integra-se num contexto rural de uma aldeira beirã, cuja tipologia reflete essa condição, presente na clara separação entre o piso térreo, denominado de “Loja”, e o piso superior, o espaço de habitar. A “Loja” em tempos era destinada ao apoio da prática agrícola, e perante o abandono das práticas agrícolas o seu estado de conservação foi sendo negligenciado. O piso superior continuava a ter como função a habitação, onde predomina uma lógica de compartimentação do espaço com usos a corredores e divisões interiores, sem iluminação natural direta.
A nossa intervenção começa pela clarificação dos percursos interiores da casa ao nível do piso superior, hierarquizando os espaços, dando-lhes uma sequência que se adeque às rotinas familiares, e retirando compartimentos de modo a criar áreas mais generosas para usufruto do aglomerado familiar. É proposta uma reformulação da ligação ao piso inferior, dotando essa escada da diginidade necessária para que a área inferior da casa pudesse fazer parte da rotina do habitar, com um programa destinado essencialmente ao lazer.
Relativamente às materialidades interiores, a casa possui duas identidades, fruto das suas características e da sua história, que resolvemos manter e explorar.
Na imagem exterior da casa, as alterações foram mínimas, traduzindo-se na substituição das caixilharias e na harmonização das cores dos paramentos da fachada.
No espaço exterior frontal procedeu-se ao redesenho da área de estar, e no logradouro tardoz adicionou-se um anexo de apoio para refeições em familia, e procedeu-se ao tratamento das áreas livres de forma a possibilitar o seu uso enquanto espaço de deleite.