Mantivemos a dignidade da volumetria existente que pautava o edificado principal, aproveitando as paredes estruturais de xisto e cosendo esta preexistência com o volume do novo edifico que brota do interior e de certo modo ocupa os vazios que o peso do tempo foi construindo. Esta nova construção que agora habita o interior deste casco abandonado, dialoga constantemente com as ruínas, ora assumindo-se em toda a sua originalidade: através dos novos vãos e sobressaindo com novos limites volumétricos; ora escondendo-se e deixando ser a ruína a ganhar um novo destaque e uma nova vivacidade, tirando proveito dos vãos existentes e das paredes repletas de carácter.
ESPAÇO EXTERIOR
Ao nível da estrutura de circulação exterior, definiram-se 3 áreas essenciais: o logradouro interior, a eira e a área da piscina. Optou-se por manter o logradouro interno que comunica com as diferentes edificações como ponto nevrálgico, readaptando a topografia de forma a criar acessos mais simples, estruturados e permitindo a criação de pequenas áreas de encontro e confraternização, dotando este espaço de um carácter mais intimista e comunitário. A área da eira, passará a ser a área da entrada principal para a casa “mãe”, oferecendo o esplendor da amplitude visual da paisagem e tirando partido da facilidade do acesso através do caminho público, e a área da piscina que servirá como espaço de lazer e descanso, com acesso directo pela eira, pelo interior da casa ou pelo próprio logradouro interior. No fundo os espaços encontram-se todos conectados, permitindo uma circulação fluída e descomprometida.
MATERIALIDADE
O principio estruturante definido, no qual se deu primazia ao enquadramento da nova proposta dentro dos limites definidos pela ruína existente, levou-nos a equacionar qual a melhor forma de diálogo em termos de materialidade entre estas duas realidades, a preexistência e a nova construção. Analisando a arquitectura vernacular da zona geográfica em que nos encontramos, pusemos de parte qualquer revestimento em tons de branco, pois não é característico da região e estabeleceria um contraste demasiado impactante com as paredes de pedra. Sendo uma estrutura dentro de outra, queríamos procurar uma simbiose, mas, porém, que cada uma delas estivesse claramente demarcada. A opção pela pintura envelhecida num tom castanho, surgiu como solução visto que o tom lembra a cor da terra e alguma da coloração da pedra de xisto, além que estabelece um contraste suave com a paisagem dotando o conjunto edificado de um sentimento de conforto e acolhimento próprio dos tons quentes.