Assim que abrimos a porta, somos surpreendidos por um espaço claro, luminoso e elegante que resultou da remodelação e reestruturação desta tipologia. Um pequeno nicho revestido a madeira permite-nos esvaziar os bolsos e deixar os sapatos numa sapateira integrada, concebida para ser completamente imperceptível. Procurámos um equilíbrio cromático de modo a não termos somente um espaço minimalista, mas que se traduzisse principalmente num espaço acolhedor. Este equilíbrio é conseguido através da utilização de tonalidades que variam do branco ao cinza, com apontamento de madeira que, através da sua cor e toque quentes, tornam o espaço convidativo.
Foi peremptório criar uma área que permitisse um regime em teletrabalho permanente. Deste modo, aproveitando um nicho existente, desenvolvemos um home-office que consegue ser funcional e que não compromete a funcionalidade de toda a sala. Um longo aparador desenvolvesse ao longo da sala, desde o escritório até ao vão exterior. A zona de refeições é central e pontuada com o único elemento lumínico suspenso em toda a casa, demarcando-a dos restantes espaços, e a zona de estar, apenas possível através da ocupação da área de marquise existente, encontra-se num dos espaços mais privilegiados deste apartamento, tirando partido da sua relação visual com os elementos arbóreos no exterior e que filtram o impacto da principal artéria viária da cidade de Almada.
A cozinha, com o seu canto aberto rematado por planos revestidos a madeira, permite uma fluidez entre a zona de jantar e o espaço de preparação das mesmas. Com dimensões tão contidas, foi fundamental permitir o maior contacto visual possível entre as várias áreas desta casa. Por este motivo foi criado um pequeno vão na área de bancada de apoio, entre a cozinha e a área de estar, que permite que exista uma comunicação visual entre estes dois espaços, para além da sua função secundária servindo de mesa de apoio junto ao sofá.
O espaço da cozinha acompanha a estratégia adoptada na área social da casa. Todo o mobiliário é de cor branco e as bancadas apresentam igualmente tonalidades claras. Propositadamente evitámos fortes contrastes de modo a diluir a presença do mobiliário fixo e móvel, dando a sensação de estarmos perante um espaço mais amplo.
Um plano pivotante branco, resguarda a área mais privada deste apartamento, podendo este ficar aberto, caso se pretende que exista uma maior fluidez entre os vários espaços ou fechado, assumindo uma separação fixa. Um vestíbulo que na prática serve de antecâmara, permite-nos aceder à instalação sanitária sem entrar no quarto. A instalação sanitária é um espaço neutro, dominado pelas cores cinza e branco. Os revestimentos de parede e pavimento são cinza, acompanhados pelo tom cromado das torneiras. A cor branco é predominante no tecto, vão de entrada, parcialmente nas paredes e nos equipamentos – base de duche, bancada e móvel de apoio.
A entrada do quarto, à semelhança do proposto no vestíbulo, traduz-se num grande vão pivotante, que poderá ficar totalmente aberto, garantindo uma boa fluidez e continuidade entre os vários compartimentos desta casa. À semelhança das áreas sociais, a palete cromática mantém-se. A cor branco é dominante e contrasta suavemente com o pavimento e apontamentos de madeira que rematam o pórtico da entrada e as costas da cabeceira. As mesas de cabeceira suspensas, integram-se no painel da cabeceira diluindo o seu impacto na pequena dimensão do quarto. O burel cinza da cabeceira confere detalhe a este espaço, e à semelhança dos restantes espaços, integra-se de um modo equilibrado com as restantes tonalidades propostas.
Acreditamos que este é um apartamento intemporal, muito devido à sua neutralidade, e que será apropriado de um modo equilibrado ao longo do tempo.