Casa Milheiros

A visita que fizemos a este terreno revelou-se inspirador e fundamental para desenvolver esta proposta. Era impossível ficar indiferente à beleza natural da envolvente, mas também às qualidades do edificado existente. A existência de 4 edifícios, alguns em ruína avançada, foram determinantes para a definição da estratégia a implementar neste projecto. A harmonia das 4 construções, e a escala das mesmas – perfeitamente hierarquizados entre si – fez-nos decidir em manter essa mesma hierarquia, e reforçá-la. Assim sendo, a proposta segue as directrizes de forma e escala das pré-existências e estabelece um diálogo intrínseco entre o novo e o antigo. Em todas as intervenções a proposta molda-se às características do local e procura tirar partidos das suas qualidades.

A nossa estratégia procurou respeitar o alçado principal da pré-existência, homenageando a memória e a traça das construções locais. Assim, da frente de lote, é quase impercetível que por detrás destas paredes de pedra – agora descobertas e postas a nú em todo o seu esplendor de cor e textura – surge um novo edifício de linguagem moderna e que estabelece uma forte relação com a paisagem no interior da propriedade. Ao nível das materialidades – não só neste edifício, mas usando esta mesma estratégia para todos os restantes – optámos pelo betão aparente como material para identificar as novas construções, estabelecendo um forte diálogo entre a pedra – material ancestral – e o betão – o material do modernismo construtivo. Contudo, na casa principal optámos também por introduzir a madeira como material de revestimento, aplicado em todo o piso superior. A razão por detrás desta opção está relacionada com intenção de acentuar a hierarquização dos edifícios e também para contribuir para uma maior humanização do edifício, dada a sua escala, sendo o único com 2 pisos.